Deparei-me recentemente com alguns vídeos recebidos via “e-mail” que apresentavam certos comportamentos intrigantes de certos animais. Em um desses vídeos o felino após atacar e matar uma macaca cuida do filhote, que nasce no momento do ataque sofrido pela mãe, como se fosse seu próprio filho. Intrigante ver um felino cuidando de um pequeno babuíno, quando o “instinto” e a ação por nós esperada seria a do ataque e morte também do filhote.
Exemplos, tão ou mais intrigantes do que esse não faltam. Consultando a Gênese, me deparo com a seguinte questão:
Que diferença existe entre o instinto e a inteligência? Onde termina um e começa a outra? Será o Instinto uma inteligência rudimentar, ou uma faculdade distinta, um atributo exclusivo da matéria?
“O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos à realização de atos espontâneos e involuntários, em vista à sua conservação. Nos atos instintivos, não há reflexão, nem premeditação.....”
Nos ensina ainda a Gênese que: “O instinto é um guia seguro, sempre bom; num certo tempo, pode tornar-se inútil, porém jamais nocivo; enfraquece, pela predominância da inteligência.”
“A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, segundo a oportunidade das circunstâncias. Incontestavelmente, isto é um atributo exclusivo da alma. Todo ato maquinal é instintivo; o que denota reflexão, combinação, uma deliberação, é intelectivo; um é livre o outro não o é. O instinto é um guia seguro, que jamais se engana; a inteligência, pelo fato de ser livre, é por vezes sujeita a erro.”
“Se observarmos os efeitos do instintivo, nota-se a princípio uma unidade de vista e de conjunto, uma segurança de resultados que não existem mais, desde que o instinto seja substituído pela inteligência livre; além disso, na adequação tão perfeita e tão constante das faculdades instintivas às necessidades de cada espécie, reconhecemos uma profunda sabedoria. Esta unidade de vistas não poderia existir sem a unidade de pensamento, e a unidade de pensamento é incompatível com a diversidade das aptidões individuais; somente ela poderia produzir este conjunto tão perfeitamente harmonioso que se estende desde a origem dos tempos e em todos os climas, com regularidade e precisão matemáticas, sem falhar jamais. A uniformidade no resultado das faculdades instintivas é um traço característico, que implica necessariamente na unicidade da causa; se esta causa fosse inerente a cada individualidade, haveria tantas variedades de instinto quantos indivíduos há, desde a planta até o homem. Um efeito geral, uniforme e constante, deve ter uma causa geral, uniforme e constante; um efeito que demonstra a sabedoria e a previdência deve ter uma causa sábia e previdente. Ora, uma causa sábia e previdente será necessariamente inteligente, e não pode ser exclusivamente material. Não se encontrando nas criaturas, encarnadas ou desencarnadas, as qualidades necessárias para produzir tal resultado, é preciso subir mais alto, isto é, ao próprio Criador. Se nos reportarmos à explicação que foi dada sobre a maneira pela qual se pode conceber a ação providencial (Cap.II, nº 24), se figurarmos todos os seres como penetrados pelo fluido divino, soberanamente inteligente, logo se compreenderá a sabedoria previdente e a unidade de vistas que presidem a todos os movimentos instintivos para o bem de cada indivíduo. Essa solicitude é tanto mais ativa quanto o indivíduo tenha menos recursos em si mesmo e em sua própria inteligência; é por isso que ela se mostra maior e mais absoluta com os animais e com os seres inferiores do que com o homem.”
Kardec reconhece a complexidade do tema ao concluir que: “Todas essas maneiras de considerar o instinto são necessariamente hipotéticas, e nenhuma delas tem um caráter suficiente de autenticidade para ser dada como solução definitiva. A questão será certamente resolvida algum dia, quando se houver reunido os elementos de observação que agora ainda faltam; até então, é preciso que nos limitemos a apresentar as opiniões diversas ao cadinho da razão e da lógica e aguardar que se faça a luz; a solução que mais se aproxima da verdade será necessariamente aquela que melhor corresponda aos atributos de Deus, isto é, à sua soberana bondade e à sua soberana justiça (Cap. II, nº 19).”
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