Tentarei, neste artigo, demonstrar as principais razões que fundamentam a conclusão de que Apometria não pode ser classificada como uma técnica alinhada com os princípios da Doutrina Espírita.
Para podermos melhor entender no que consiste esta prática, vamos analisar certas afirmações da Apometria frente à razão.
Segundo a definição de alguns dos seus defensores, a Apometria seria um passo avançado do Movimento Espírita, considerando então que o seu codificador, Allan Kardec, já estaria ultrapassado. No entanto, cabe salientar que a técnica da Apometria tem como foco principal o afastamento de obsessores. Observemos que a Doutrina Espírita, quando analisada no tripé de Ciência, Filosofia e Religião, é infinitamente mais ampla, não sendo, portanto, Apometria e Espiritismo “coisas” comparáveis, sob essa ótica. Referindo-se ao Espiritismo, Allan Kardec nos indaga em “O Livro dos Espíritos”: "Como pretender-se em algumas horas adquirir a Ciência do Infinito?"
A mediunidade não é patrimônio exclusivo da Doutrina Espírita e muitas práticas alheias ao Espiritismo a utilizam. A Apometria afirma que, após submetidos à técnica, os nossos adversários (obsessores) seculares concederiam o perdão quase que instantaneamente. Afirmam os defensores da Apometria que pela técnica do desdobramento e o uso de pulsos de energia, a entidade espiritual sofredora e vingativa é transportada no tempo, ao passado e ao futuro, perdoando em poucos segundos, esquecendo o ódio de séculos ou milênios. Essa afirmação contraria à própria natureza humana e a necessidade de reforma íntima.
Outro fato a ser analisado com ainda mais critério e cuidado por não encontrar qualquer respaldo na Doutrina Espírita, seria a afirmação de que há, na Apometira, a incorparação de vários “corpos”, de uma só personalidade, encarnada ou não, em vários médiuns que sofrem um processo de doutrinação coletiva e simultânea, na “manifestação desses corpos”.
Na aplicação das técnicas da Apometria, o diálogo construtivo e fraterno, normalmente adotado pelos “doutrinadores espíritas” nos trabalhos de desobssessão, foi substituído por muita sonoridade e gesticulação espalhafatosa, sob a argumentação de que o som serve de veículo para a energia.
Essa argumentação é também totalmente incompatível com a filosofia espírita, onde o trabalho desenvolvido é antes de tudo, por assim dizer, mental.
De acordo com a Apometria, obsessores arrancados do campo mental do obsediado "a fortiori" seriam enviados a dimensões extra-físicas. Lembramos, no entanto, que a ausência de amparo aos nossos irmãozinhos enfermos, em certos casos, apenas determinará a mudança de local dos obsessores, podendo ainda propiciar a admissão de novos “inquilinos” na “casa mental” desocupada do obsediado.
Lembra-nos ainda Kardec, em “O Livro dos Médiuns” que: "Não imaginais o que se pode obter numa reunião séria, de onde se haja banido todo sentimento de orgulho e de personalismo e onde reine perfeito o de mútua cordialidade."
A apometria, especialmente por suas leis e rituais, não é técnica que se enquadra nos princípios doutrinários espíritas, codificados por Allan Kardec não sendo, portanto, uma prática Espírita.
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