Foi nos idos de 1773 que o médico nascido em Constança – Alemanha, Franz Anton Mesmer realizou sua primeira cura por meio da aplicação das técnicas do magnetismo. A partir de então, Mesmer curou uma infinidade de pessoas, inclusive, aquelas que apresentavam doenças que a medicina da época não contava com o conhecimento e os recursos adequados para fazê-lo, tais como casos de lepra e cegueira, entre muitos outros.
Mesmer confrontou a medicina tradicional da sua época e, enquanto vivo suas técnicas de cura jamais foram aceitas formalmente. Apenas em 1831, 16 anos após a sua morte, é que a Academia de Medicina de Paris, manifestou-se favoravelmente ao magnetismo animal. Em sessões de 21 e 28 de junho de 1831 foi lido e aprovado o relatório da comissão da Academia de Medicina favorável ao magnetismo animal, após cinco anos de pesquisas e numerosas experimentações registradas. Porém, o relatório jamais foi publicado. Depois de assinado, foi arquivado na Academia.
Em 1857 Kardec codificou a Doutrina Espírita e declarou clara e expressamente que, enquanto ciência, magnetismo e espiritismo são exatamente a mesma coisa, mostrando a importância do magnetismo no que se refere ao perfeito entendimento do espiritismo no seu viés científico.
Com a orientação dos espíritos superiores, Kardec nos explica que para que haja a animalização da matéria, imprescindível se faz a presença do fluído vital, denominado de fluído animalizado ou magnético por Mesmer. Em outras palavras e como nos explica a questão 63 de "O Livro dos Espíritos", "a vida é um efetivo produzido pela ação de um agente sobre a matéria; esse agente sem a matéria não é vida, da mesma forma que a matéria não pode viver sem esse agente. Ele dá a vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.”.
Na questão anterior, a de numero 62, Kardec pergunta: "Qual a causa da animalização da matéria?" A resposta não poderia ser mais clara e objetiva: "Sua união com o Principio Vital".
Fácil concluir, portanto a importância do chamado fluído vital, animal ou magnético, como queiramos denominá-lo no que diz respeito à vida e à saúde do ser humano. Importante destacar o poder da “Vontade” no processo de doação desse fluído. Senão vejamos: Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos deparamos com a seguinte consideração: "O poder da fé tem aplicação direta e especial na ação magnética. Graças a ela, o homem age sobre o fluído, agente universal, modifica-lhe a qualidade e lhe dá impulso por assim dizer irresistível. Eis porque aquele que alia, a um grande poder fluídico normal, uma fé ardente, pode operar, unicamente pela sua vontade dirigida para o bem, esses estranhos fenômenos de cura e de outra natureza, que antigamente eram considerados prodígios, e que, entretanto não passam de conseqüências de uma lei natural. Essa a razão porque Jesus disse aos seus apóstolos: Se não conseguistes curar, foi por causa de vossa pouca fé.”.
Já no que diz respeito à Homeopatia, Hahnemann fez uso, em sua doutrina, da mesma comparação empregada por Mesmer, ou seja, o fluxo e refluxo dos mares e a ação do magnetismo mineral.
Alopatia, Homeopatia e Magnetismo Animal constituem-se, portanto, instrumentos disponíveis ao ser humano no processo de busca da cura das doenças. Segundo Kardec: “[……] todos os três estão igualmente na natureza, e têm sua utilidade, conforme os casos especiais, o que explica porque um tem êxito onde outro fracassa, porque seria parcialidade negar os serviços prestados pela medicina ordinária. Em nossa opinião, são três ramos da arte de cura, destinados a se suplementar e se complementar, conforme as circunstâncias, mas das quais nenhuma tem o direito de se julgar a panacéia universal do gênero humano.”.
A esses três ramos da medicina, quais sejam, a Homeopatia, a Alopatia e o Magnetismo, podemos acrescentar, para o efeito de uma medicina integral, os tratamentos descobertos pelo espiritismo ao revelar a existência dos espíritos: a mediunidade de cura (classificado como um quarto ramo da medicina), que é o auxílio ao doente pelos fluídos benéficos regeneradores dos bons espíritos, derramados sobre ele pelo médium.
No entanto, há um tipo de cura, que nenhum dos quatro ramos acima está apto a atuar, qual seja a cura das doenças morais. A solução para isto, que Mesmer reconheceu não estar no alcance da ciência do magnetismo animal, encontra-se plenamente atendida na doutrina espírita, quando declara que: “A maior contribuição para a saúde humana é a educação do espírito. É a que se encerra a missão providencial do espiritismo.”.
Em outras palavras, quando a causa da doença estiver no espírito, a cura provém da educação moral. Sabemos que as nossas “doenças do espírito” tem como origem o nosso Orgulho e o nosso Egoísmo, pais de todos os nossos males.
Neste caso, deveria o médico fazer-se moralizador de seus doentes?
Kardec esclarece: [….] sim, sem dúvida, em certos limites; é mesmo um dever, que um bom médico jamais negligencia, desde o instante que vê no estado da alma um obstáculo ao restabelecimento da saúde do corpo. O essencial é aplicar o remédio moral com tato, prudência e a propósito, conforme as circunstâncias. (Revista Espírita, 1869, p.66)
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